sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cronista de BH divulga Bienal

O jornalista e cronista Danilo Gomes, que assina uma coluna no jornal HOJE EM DIA, de Belo Horizonte, destacou a Bienal Rubem Braga no último dia 04/05 com um belo texto sobre o evento e, claro, o seu homenageado.
Na crônica, Danilo passeia pelo lirismo à exemplo do mestre Braga.
Escreveu o colunista: "Vou engraxar as botinas e escovar o chapéu de cerimônia, além de mandar para a lavanderia a fatiota domingueira, mas sem gravata, para ficar mais à vontade. Vou correr mundo, senhores, vou bater pernas como fazia outrora o capixaba Quinca Cigano. Quero ir de trem-de-ferro, descer na estação e pegar cavalo de boa andadura, para vencer algumas léguas até o destino final da andança.
Mas, afinal, para onde vai o velho escriba marianense? Pois já lhes digo, irmãos caríssimos. O velho cronicador pretende arranchar na cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no nobre Estado do Espírito Santo, para participar da Bienal Rubem Braga. Será uma bela homenagem ao grande e saudoso cronista, nascido em 1913 e falecido no Rio, em 1990, autor de tantos livros, todos do mais fino lavor, como diria um antigo poeta parnasiano, devoto de Olavo Bilac.
Na verdade, trata-se da II Bienal Rubem Braga. Será realizada de 5 a 8 de junho, na cidade onde ele nasceu e começou a escrever crônicas("Correio do Sul", jornal da família).
O tema será "A crônica e o meio ambiente" e os debatedores serão Ignácio de Loyola Brandão, Carlos Heitor Cony, Danuza Leão, Ana Maria Machado, Zuenir Ventura, Antonio Carlos Secchin, Paulo Cuenca e outros. Caladão, "urso cavernícola" (título que dava a si mesmo o escritor mineiro Eduardo Frieiro), discreto, arredio (embora mulherengo), Rubem Braga talvez não apreciasse a luz dos holofotes e das gambiarras (como certos políticos). Mas que merece a homegem, merece, por ter sido um extraordinário escritor, o viajante erudito, o poeta da narrativa curta (crônica e conto), o estilista do coloquial, o mestre do lirismo, da melancoliae do bom humor. Além disso, o enamorado de Tônia Carrero, como ela própria me confirmou, aqui em Brasília, no Palácio do Planalto, numa cerimônia pública, há coisa de dez anos.
Vale lembrar, aqui, a magnífica obra recém-publicada, "Rubem Braga - Um Cigano Fazendeiro do Ar", de autoria do falecido Marco Antonio de Carvalho, da Editora Globo, 2007. Em 610 páginas, parece-me a biografia definitiva do nosso extraordinário cronista, que um dia entrevistei aqui mesmo, Em Brasília, em 1986.
Crônica, gênero menor? Menor coisa nenhuma! Antes uma boa crônica que um mau romance, ora, bolas, ora, pílulas! Importa a qualidade.
Em tempo: Quinca Cigano era um tio esquisitão de Rubem Braga. Não parava quieto em lugar nenhum. Rueiro e viajeiro. Aparecia e sumia, que nem um cometa, um caixeiro-viajante. Rubem Braga lhe dedicou uma crônica imortal. Imortal e antológica, como todas as crônicas que escreveu, como bem sabe a cronista Leida Reis.
Já vou reservar uma pousada, um rancho, uma pensão familiar (afinal sou um vovô) à beira do Rio Itapemirim. Com passarim trinando.... Com a graça de Deus Nosso Senhor, essa eu não perco, nem que a vaca tussa, nem que chova canivete. Sou capaz até de comprar chapéu novo, na Casa Cabana, em frente ao Mercado Central de Belo Horizonte, j'ouviu, cronista Regina Mota?", conclui Danilo.

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